
Diretor do site SERGIO LUIZ VOLPATO

FAMILIA VOLPATO
CARLOS VOLPATO
CARLOS VOLPATO, filho primogênito (homem) dos agricultores e imigrantes italianos, Ermenegildo Ricardo Volpato e Marina Pavan, nasce em domicílio, na linha 8ª de Guaporé (RS) às 05:00 horas de 09/março/1900; foi registrado no cartório de Moacir Barcelos Bueno de Guaporé (RS) de nº 336 do livro A página 68, em 24/12/1902; ou seja, há quase três anos após seu nascimento.
Foi batizado no dia 09/abril/1900 com o nome de Carlo na igreja de Santo Antonio de Guaporé conforme registro nº 687 pelo Pe. Ceol.Gazzera, tendo como padrinhos Candido Tesser e Teresa Zanin.
Cresceu bem como sua família com muitas dificuldades e lutas pela subrevivencia e sendo o filho mais velho, com a responsabilidade da ajudar aos pais na criação dos irmãos menores. Muito cedo começava a lida na roça, deixando para trás as brincadeiras de criança. Frequentou pouco tempo a escola municipal, o suficiente para ser alfabetizado, pois os pais necessitavam de braços para o trabalho.
Chegando a época de prestar o serviço militar, o fêz em Saõ Gabriel (RS).
Vizinha da terra onde viviam, morava a família de Angelo Paganini, com muitas filhas, e Adele foi a escolhida por Carlos.
Adele, como já dissemos, é filha de Angelo Paganini e Teresa Princivelli, nascida em 14/04/1905 às 16:00 horas, em domicílio, na linha 8ª de Guaporé.
Casaram-se no dia 11/agosto/1923 na Igreja Santo Antonio de Guaporé(RS) pelo Pe. Stefano Angeli, tendo como testemunhas Albino Perin e Victorio Fuga; e no civil, o casamento foi realizado em Borges de Medeiros, 6º distrito de Guaporé, hoje extinto, no dia 07/04/1925, às 10:30 horas, perante as testemunhas Celeste e Antonio Sonza; cujos registros se encontram guardados no 1º distrito de Guaporé.
Carlos e Adele formavam um casal muito bonito e eram muito estimados pelos amigos, parentes e vizinhos. Dançavam com uma elegância admirável.
Carlos, como seu avô e seu pai, foi um colonizador. No início da vida de casados moravam na linha 8ª de Guaporé; juntamente com os pais e irmãos de Carlos, como era o costume naquela época. É na linha 8ª que nascem em 10/1924 a Vilma e em 12/1925 o Fermino. A terra era pouca para tanta gente e daí a necessidade de conquista de novas terras. Naquela época o estado de Santa Catarina buscava colonizadores para o Oeste Catarinense. Carlos, juntamente com o cunhado Romildo, em 1925, dirigiram-se para esta região; comprando terras e dando início aos trabalhos em uma prorpiedade de mais ou menos 6 alqueires de terras, adquirido em seu nome e em sociedade com seu pai E. Ricardo, que viria alguns anos mais tarde; próximo ao Rio Caraguatá, na antiga Vila de Limeira, hoje Joaçaba, onde, juntamente com a família Paganini e outros colonizadores, fundou a comunidade de Santo Antonio do Caraguatá. Alí construiu um barraco e fazendo o primeiro plantio de subsistencia, foi buscar a família que ficara no RS.
Em setembro de 1926, traz a família. Vêm em carroça puxada por bois até Marcelino Ramos; tendo alí a família tomado um trem até Joaçaba e o restante da mudança continuou seguindo de carroça até o destino.
Nesta localidade, iniciou, juntamente com Adele e os filhos mais velhos, trabalhos no cultivo da terra, plantando trigo, arroz, milho e toda a cultura de subsistencia para a família. Alí nasceram, todos em domicilio, Uriano, Avelino, Zilio (de 1937), Vitorino (cujo parto foi feito pela própria mãe Adele, que se encontrava sozinha no momento do parto), Santo, Tiolide e os gêmeos Zandir e Antonio, (este último falecido no parto). Alí permaneceu a família até 1942, quando adquiriu novas terras perto da usina do Arnaldo, na Linha Itororó, onde construiu uma casa de dois andares, mais porão. Com referencia a mudança, temos o depoimento do Santo, deixado em seu manuscrito “Histórico de uma vida” que transcrevemos na íntegra:
“Aqui eu vivi com minha família até 1942, quando meu pai ao comprar novas terras e construir casa mudamos para perto da Usina Arnaldo S/A. E foi na mudança, feita através da estrada em péssimo estado e com carroça puxada a burros, que eu e a Tiolide sofremos um tombamento. Quase ao chegar ao destino, numa ladeira os burros não agüentaram o repuxe e deram para trás, precipitando a carroça numa ribanceira entre troncos de árvores e de taquaras. Como estávamos em cima da carroça, com o tombamento, ficamos em baixo. Não sofremos ferimentos graves, mas o susto foi grande, pois lembro que abri a boca no mundo“.
Na usina nasceram os demais filhos, ou seja, Ervino, Railde, Íris, Zilio e Lurdes, além das filhas do Avelino, a Rute e a Alzira.
A família era muito numerosa, e necessitava buscar novas fontes de trabalho.Nesta época alguns filhos mais velhos já trabalhavam na firma Pagnocelli. O Uriano e o Avelino casaram-se em 1949. E então Carlos com o restante dos filhos solteiros, em 1949 fixou residência às margens do Rio do Peixe, na rua Barra Fria, hoje Av. Santa Terezinha. Lá construiu uma bonita casa, cujos detalhes, transcrevemos a descrição de Zilio, que assim a descreve em suas memórias:
“Esta casa já era bem mais moderna. Tinha no porão um depósito de velhos e alguns já superados instrumentos agrícolas como o moedor de uvas para se fazer o vinho (já nesta época não mais se amassava as uvas com os pés.), um ventilador enorme para separar o feijão dos restos de palha, um debulhador de milho que muitas vezes eu também tive de usar, enxadas, foices, arados, balanças, celas de animais, ferraduras, martelos, lampiões de querosene, pregos enferrujados, latas velhas, pedaços de arames, cordas, arreios, enfim, tudo o que se possa imaginar dos restos de uma mudança da zona rural para a zona urbana”.
Com o tempo, estes entulhos foram dando lugar a peças de caminhões, usadas ou quebradas, rodas, pontas de eixos, pinhão, coroa, espelho retrovisor, cardan, pára-choque, buzina que não funcionava e o resto fica por conta da imaginação.
Se algum descendente nosso começar guardando objetos antigos inúteis em casa não critique. É genético.
A residência propriamente dita, era de mais ou menos oito, não, dez metros de frente por 15 metros de fundos. Havia dois quartos amplos de frente para a rua, o acesso à porta principal se dava para uma área coberta, mas não fechada, junto ao corpo da casa. Uma única porta de duas folhas dava acesso ao salão de mais ou menos seis por seis metros. Deste salão se chegava aos dois quartos da frente mais um quarto de fundos e a cozinha e mais a escada de acesso ao sótão.
O telhado, já em telhas de barro marca Rainha, era em cunha, dando espaço para mais quatro quartos no sótão, duas janelas voltadas para a rua e duas voltadas para os fundos. Na altura das janelas dos fundos começava um novo telhado que cobria a cozinha e o quarto dos fundos da parte principal da casa. As tábuas que revestiam o redor da casa eram inteiras, não beneficiadas, mas já serradas com equipamentos “modernos”, ou seja, feitas em serrarias movidas por motores de combustão da lenha que aquecia a água, que formava vapor e que fazia a pressão para mover a serra (Como as antigas locomotivas a vapor na estrada de ferro).”
As telhas, com o tempo ficaram corroídas e imprestáveis; eu digo isso porque após ter sido reprovado no 1º vestibular, nas férias de verão 1967 – 1968, desmanchei a casa toda, conheci cada encaixe de madeira, prego por prego eu arranquei, telha por telha eu fiz descer com muito cuidado (exceto as que cobriam a cozinha.) Eu tinha um ajudante, é claro; no final do dia, após largar o serviço da empresa em que trabalhava, o Ernesto dava as orientações para o dia seguinte; sabe como é: “1º você tira as telhas, depois você arranca os pilares”.
Havia uma preocupação de que a casa viesse a cair, mas acho que até hoje ela estaria lá, firme e forte.
No verão seguinte eu fiz a pintura externa da casa em tom verde-claro, já era calouro de medicina então. Agora sim havia um banheiro, ducha quente e fria, beleza pura. Esta casa deve ter sido erguida mais ou menos em 1950 e demolida em 1968. Vale dizer que era uma das mais modernas da rua.”
Nesta época a família, além da agricultura, iniciava sua atividade com a extração de madeira picada e entrega para a queima nos fogões de cozinha da cidade. Havia apenas dois aparelhos de telefones em Joaçaba e um pertencia à família de Carlos. Ali também a família iniciava atividades de beneficiamento do arroz e um armazém para o comércio de gêneros de primeira necessidade, e transporte.
Carlos era muito respeitado pelos agricultores e possuía crédito. Muitas pessoas emprestavam dinheiro a juros, e Carlos, como bom negociante que era, financiava para os filhos mais velhos a compra de caminhões para o transporte, principal atividade de quase toda a família durante muito tempo. Cada vez que um caminhão novo era pago, devolvia-se o dinheiro para o colono que emprestou com um churrasco onde eram convidados também muitos amigos. Aí um filho mais novo, ficava com o caminhão mais velho e era comprado mais um caminhão novo. Foi assim para os filhos mais velhos.
Tinha grande espírito de liderança e fé, sendo um dos responsáveis pela construção da monumental Igreja Santa Terezinha, hoje Catedral de Joaçaba.
Para a família, principalmente para os mais velhos, foi um excelente pai, até o Vitorino; mas os mais jovens têm outra opinião que gostaríamos de colocar na íntegra, segundo o depoimento de cada um:
Assim o descreve Santo em suas memórias:
- “Um acontecimento que muito nos chocou neste ano foi a morte de nosso pai, ocorrido em Lages (SC) no dia 26 de abril. Ele com certeza não foi um bom esposo, mas devo admitir que foi um bom pai. Ensinou-nos a viver com humildade e honestidade. Mas a vida continua! Uns morrem para a vida, outros nascem, pois ele a uns dias antes de sua morte dizia estar feliz por ter conhecido o seu último neto (O neto ao qual o autor se refere é o César Alcides Volpato, que nasceu em 15 de março de 1981), o filho do Zandir. Lembro-me da última vez que eu o vi em sua cama de hospital, na semana anterior à sua morte, velhinho, de cabelos brancos como neve, já sem forças; veio à minha memória todo o seu passado, quando ainda era jovem. Como ele era forte e valente, não levava desaforo para casa. Fumava, mas não tragava a fumaça. Tomava seus goles de pinga, porém sem exageros. Nas refeições tomava um copo de vinho. Não era de se matar no trabalho e era persistente. Quando almejava alguma coisa ia até o Fim. Não era implicante, mas sabia exigir o que queria que fizéssemos. A melhor recordação que guardo dele é que sempre se preocupou (em) como íamos empregar nosso dinheiro. Escrevendo sobre ele, de estalo veio-me à lembrança de Mamãe.
Esta sim, uma santa. Gerou e criou seus filhos sem distinção, apenas preocupando-se mais com os fracos. Seu coração era tão grande quanto sua força. Carregava em suas costas feixes de pasto para as vacas leiteiras que eram necessárias dois homens para fazê-lo. Foi ela quem me ensinou a rezar, quando eu, ia ao banheiro cantando, ela dizia:
-
Filho faça primeiro o Sinal da Cruz. E quando aos domingos e (eu) queria brincar com os colegas me dizia: - Vá primeiro à missa.
É pena que a gente só sabe o valor de uma mãe após perdê-la. Hoje procuro na oração o que deixei de dar a ela em vida. Poucas vezes lembro ter-lhe dado um beijo ou um carinho e palavras de afeto. Mas Deus em sua infinita bondade deu a ela um cantinho no céu.
Zandir também tem mais ou menos a mesma opinião do Santo, que transcrevemos:
“Com a graça de Deus, nunca faltou o que comer, pois a terra era boa e se produzia quase tudo para comer e vinho para beber o ano todo e muitas vezes se guardava um pouco para se tornar vinagre e as sobras eram jogados fora para dar lugar ao novo vinho no ano seguinte. Apenas o dinheiro era escasso. Algumas vezes o tio Romildo Paganini (irmão de minha mãe), como ele trabalhava com uma carroça atrelada por mulas, igual a carros de boi, que fazia alguns carretos e o pagamento era feito a dinheiro, então andava sempre abonado e o nosso pai quando tinha mantimentos sobrando, os vendia na cidade, mas só recebia vales. Estes então eram trocados com o tio Romildo para as compras dele pelo comércio. Aí nosso pai recebia algum dinheiro, com descontos é claro. Só assim ele via a cor do falado dinheiro”.
Zílio, o caçula e as irmãs mais jovens Tiolide e Railde, é que conviveram com o drama da separação dos pais. Certo episódio que marcou a vida da família, assim conta Zilio em suas memórias:
“Em 1959 Adele decidiu separar-se maritalmente do Carlos por não aceitar as “escapadelas” dele e nem os anos de brigas.Uma dessas brigas eu assisti:
-
Estávamos a mãe, eu, a Tia Erminia e a Railde. O pai chegou com um quadro do casal pintado a óleo e perguntou à tia se ela não queria comprá-lo, ao que ela respondeu que não. Aí ele bateu com força o vidro no braço de uma cadeira. Foi vidro por todos os lados. Passado o susto as duas irmãs começaram a rir e não paravam mais. A vida ficou bem melhor depois que o pai foi embora definitivamente”.
Assim era Carlos, uma pessoa controvertida. Para os filhos mais velhos, um pai maravilhoso, para os mais jovem, muita mágoa e um pai ausente. Mas tirando esta parte pessoal de um casamento atribulado após 1950, Carlos era uma pessoa muito respeitada e admirada pelos amigos, vizinhos e as pessoas que o conheciam ou tinham negócios. Gozava de muita estima e confiança dentro das comunidades de Santo Antonio, Itororó (na usina), Santa Clara, e na cidade de Joaçaba.
Após a morte de Adele em 02/1972, tranferiu residencia para Curitiba e mais tarde para Lages onde veio a falecer em 26/04/1982, cercado por todos os filhos que o visitaram antes de seu falecimento. Está sepultado, juntamente com Adele, no cemitério de Luzerna, realizando assim um sonho da família de ve-los novamente juntos, mesmo que fosse após a morte.
Carlos, assim como seu avô Girolamo, seu pai, Ermenegildo Ricardo também foi um coloniador, enfrentando o Oeste Catarinense ainda com mata virgem, desbranvando a terra, abrindo picadas e depois estradas para que hoje, nós, seus descendentes pudéssemos gozar da prosperidade, comodidade e bem estar que então disfrutamos. A estes bravos e destemidos colonos, nossa memória e eterna gratidão.
Carlos e Adele tiveram os seguintes filhos:
l. Vilma, nascida em 10/10/1924, em domicilio na linha 8ª - tendo sido registrada em Borges de Medeiros - 6º distrito de Guaporé-RS. Casa-se em19/08/1944 , com Ernesto Zago.
2. Fermino, nascido em domicílio, na linha 8ª de Guaporé (RS) em 19/12?1925, também registrado em Borges de Medeiros, 6º distrito de Guaporé-RS, casa-se com Assunta Bondan.
3. Uriano, nascido em 01/10/1927, na linha Santo Antonio do Caraguatá, em domicílio, Joaçaba-SC. Casa-se com Iolanda Ivone Ferri, em 05/1950, falecido em 12/06/1998, vitima de coleletíase obstrutica em Joaçaba, está sepultado no cemitério de Luzerna- SC.
4. Avelino, nascido em 16/03/1929, em domicílio na Linha Santo Antônio do Caraguatá, mun.de Joaçaba (SC), casa-se em 05/1950 com Santina Gabriel. Falecido em Curitiba em 04/08/78, de aneurisma cerebral. Está sepultado no cemitério do Baruguí de Curitiba-PR.
5. Zílio, nascido em 25/03/1931, às 4:00 horas, na linha Santo Antonio do Caraguatá. Em domicílio, mun. de Joaçaba-SC, falecido em 1945, vítima de acidente com cavalo. Está sepultado no cemitério de Luzerna, mun. de Joaçaba-SC
6. Vitorino,nascido em domicílio em 10/02/1933, na linha Santo Antonio do Caraguatá , em domicilio, mun. de Joaçaba-SC, casa-se em 19/09/1959 com Corina Corbani, Em 05/03/1979, falece em Curitiba, subitamente de acidente vascular . Está sepultado no cemitério do Bariguí-Curitiba-Pr.
7. Santo Ricardo, nascido em domicílio no dia 01/11/1934 , às 2 horas, na linha Santo Antonio do Caraguatá, mun. de Joaçaba-SC. Em 20/05/1967, casa-se na igreja Santa Terezinha de Joaçaba, com Marilia Francisca Ferlin. Falece em 19/09/1995, às 13:30 hrs. de morte súbita, vítima de acidente vascular em São José SC. Está sepultado no cemitério do Itacorubi de Florianópolis – SC. Deixa-nos escritas suas memórias.
8. Tiolide Terezinha, nascida em 29/11/1936, na linha Santo Antonio do Caraguatá, em domicílio, municipio de Joaçaba, SC. Casa-se em 13/05/1957, com Luiz Stephano Gabriel, na Igreja Santa Terezinha de Joaçaba-SC.
9. Zandir , nascido em domicílio, na linha Santo Antônio do Caraguatá, em 14/09/1938, Casa-se em 13/07/1963, em Ibiporã (PR), com Natalina de Oliveira.
10. Antonio ,nascido em 14/09/1938, gêmeo do Zandir. Natimorto. Está sepultado no cemitério de Luzerna, Municipio de Joaçaba-SC.
11. Ervino Dileto, nascido em 24/08/1940, em domicilio, na linha Santo Antonio do Caraguatá, Mun. de Joaçaba-SC. Em 28/07/1962, casa-se com Nilza Cabral, na Igreja Santa Terezinha de Joaçaba. Falece, vítima de aneurisma de aorta. Está sepultado no cemitério do Bariguí de Curitiba-Pr.
12. Railda Zilia, nascida em 09/06/1943, em domicílio, na linha Itororó (na usina), mun. de Joaçaba-SC. Casa-se em 23/10/1965 com Silvio Corbani.
13. Iris, nascida em 1945, em domicilio, na linha Itororó (na usina), mun. de Joaçaba-SC. Falece em 1949, vítima de êrro médico. Está sepultada no cemitério de Luzerna- Joaçaba-SC.
14. Zilio, Nascido em domicílio, na linha Itororó (na usina), às 8:00 do dia 11/02/1947, município de Joaçaba-SC. Em 12/02/1972, às 1l:30 horas, casa-se com Ana Zaira Vaccari, na Igreja Santa Terezinha de Joaçaba.
15. Lurdes, nascida em 1949, em domicílio, na linha Itororó (na usina), Mun. de Joaçaba. Natimorta. Está sepultada no cemitério de Luzerna, Mun. de Joaçaba-SC.
MEMÓRIAS DE ZANDIR VOLPATO
A Pedido de Paulo Afonso Volpato, um dos meus queridos sobrinhos e organizador do encontro da família de Carlos Volpato e Adele Paganini de 2001, para que contasse alguns casos que me recordo no momento, sobre a vida de meu querido e sempre lembrado pai Carlos Volpato.
Em uma ocasião foi programado um baile que sempre era acompanhado com um famoso brodo típico das famílias descendentes de italianos, festinha esta na qual, nem meu pai, nem seus amigos foram convidados; mas por teimosia ou birra, foram de “bicão” e quando chegaram as portas estavam fechadas para eles.
Como era de costume a cozinha ficava separada da casa propriamente dita, então eles entraram, tomaram o brodo, comeram a carne e depois substituíram por tamancos e chinelos velhos e completaram com água, temperos e deixaram tudo fervendo e falaram alto para serem ouvidos que o brodo estava ótimo e delicioso e montando em seus cavalos foram embora.
Quando vivo, meu pai tinha o dom de curar as pessoas, aprendendo das pessoas mais velhas a tratar o mal do nervo ciático. Ele tratava com uma simpatia na qual fazia parte um tijolo de barro cozido e orações. Assim ele curou o mal de muitas pessoas que o procuravam. Eu não tenho lembrança de ele haver ensinado esta simpatia a alguém.
Com a graça de Deus, nunca faltou o que comer, pois a terra era boa e se produzia quase tudo para comer e vinho para beber o ano todo e muitas vezes se guardava um pouco para se tornar vinagre e as sobras eram jogadas fora para dar lugar ao novo vinho no ano seguinte. Apenas o dinheiro era escasso. Algumas vezes o tio Romildo Paganini (irmão de minha mãe), como ele trabalhava com uma carroça atrelada por mulas, igual a carros de boi, que fazia alguns carretos e o pagamento era feito a dinheiro, então andava sempre abonado e o nosso pai quando tinha mantimentos sobrando, os vendia na cidade, mas só recebia vales. Estes então eram trocados com o tio Romildo para as compras dele pelo comércio. Aí nosso pai recebia algum dinheiro, com descontos é claro. Só assim ele via a cor do falado dinheiro.
Em certa ocasião tinha no bolso uma nota de 500.000 réis e sempre que tinha que pagar alguma coisa num baile ou em alguma festa apresentava a nota, porém como ninguém tinha troco a conta acabava ficando “pendulada” e assim a nota ficou por muito tempo sem ser trocada.
As coisas naquele tempo eram muito difíceis de serem adquiridas e sempre se aproveitava tudo, principalmente ferramentas. As panelas eram usadas até não servirem mais. Recordo-me que tínhamos uma frigideira muito velha, para as frituras. Como era a única e muito usada, o cabo rodava. Era preciso muito jeito e paciência para usa-la. Em certa ocasião, fritando ovos, meu pai deixou rodar o cabo e os ovos foram parar no chão, então a dita frigideira voou para o mato e ninguém mais a achou.
Nossa querida mãe Adele Paganini pouco saia de casa.Em certa ocasião de tanto ela insistir o pai levou-a junto para o moinho. Na carroça levavam milho, trigo e traziam de volta fubá, canjica, farinha de trigo e farelo.Lá chegando foi convidada pela dona da casa para tomarem chimarrão, porém ela não falava e nem entendia o português e as pessoas não falavam o italiano. Depois e muitas rodadas ela não queria mais chimarrão, mas não sabia como dizer. Então se lembrou de uma frase “chega mais uma depressa” e assim dizendo, serviam uma cuia atrás da outra. Até que ela resolveu devolver a cuia cheia e saiu aos prantos.
Relatando estas passagens podemos avaliar o quanto sofreram nossos pais. Nossa mãe tinha o dom muito louvável de benzer as “bichas” das crianças, um mal até hoje muito freqüente, e as pessoas que faziam este bem eram muito procuradas.
Desde os tempos em que eu era guri, escutava nossos pais falarem de uma certa mudança de uma casa para outra que no meio do caminho tudo o que nossos pais tinham estava em cima de uma carroça de bois e esta passando por picadas sem estrada a carroça tombou ribanceira abaixo, esparramando todos os pertences juntamente com as crianças que estavam em cima dela. Apesar de tudo, todos ficaram felizes, pois não havia feridos “graças a Deus”.
Zandir Volpato
Memórias de Carlos Volpato

Fonte: Memorial Volpato de Zilio e Ana zaira.
