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Ervino Dileto, filho dos colonizadores Carlos e Adele Paganini,nasce no inverno do dia 24 de agôsto de 1940,  em domicilio,    na linha Santo Antonio do Caraguatá, Mun. de Joaçaba-SC. Casa-se em 28 de julho de 1962 com Nilza Ribeiro Cabral, na Igreja Santa Terezinha de Joaçaba, nascida em Campos Novos dia 21/06/1940; filha de Dimas Ribeiro Cabral e Laurinda de Deus e Silva.

Desta união nascem os seguintes filhos: Paulo Afonso, Luiz Henrique, André, Maria Siloé, André Jackson e Alceu, todos nascidos em Joaçaba (SC).

Fez os três primeiros anos da escola elementar, pois naquele tempo não se dava muita importancia aos estudos e seus pais precisavam de braços para o trabalho na roça.

Prestou o serviço militar no Rio de Janeiro, numa época em que o Brasil enfrentava graves crises políticas, estando de prontidão no dia em que Getulio Vargas se suicidou.

Já no quando era soldado, prestava serviços como motorista de caminhão, transportando o próprio pelotão e outros serviços de transportes para o exército.

De profissão motorista de caminhão, viajou um terço de sua vida pelas estradas do Brasil, enfrentando estradas muito difíceis, dormindo em atoleiros, ficando dias na estrada sem poder sair tendo em vista o mau tempo, passando frio e até fome.

Passou muito pouco tempo com sua família, pois precisava dar duro para poder sustentá-la, e formar seus filhos para que os mesmo não tivessem a mesma sorte que a sua.

Morou durante muito tempo em Joaçaba, até o nascimento do Alceu.Nesse meio tempo, morou por pouco tempo em São Paulo, retornando a Joaçaba, e mais ou menos dois  anos depois do nascimento do Alceu, em 1974, fixa  residencia para Curitiba – PR, morando um tempo em casa alugada, e posteriormente em casa própria no bairro Novo Mundo, aonde a família reside até hoje.

Sofria de uma úlcera de esôfago que muito o sacrificou, tendo em vista a má alimentação por estar sempre nas estradas e não poder fazer uma dieta adequada e agravada pelo exessivo consumo de cigarro e álcool.

Tendou novamente a vida de agricultura. Comprou uma chácara próximo a Curitiba onde construiu obras para criação de galinha e porcos que infelizmente não deu certo, retornando ao ramo de transportes.

Foi uma pessoa, que apezar de muito nervoso, era incrívilmente prestativo, que não media esforços para ajudar quem quer que fosse, como provam os depoimentos de alguns irmãos como o Santo, Zandir e Zilio.

 Falece, vítima de aneurisma de aorta em 06 de maio de 1994. Está sepultado no cemitério do Bariguí de Curitiba-PR.

 

Nas MEMORIAS DE SANTO, ZANDIR E ZILIO, e alguns escritos que a NÈIA houviu de seu pai, encontramos algumas passagens que falam de sua infância, adolescência e sua vida de adulto, merecedores de serem citados, cujos fatos nos dão uma pequena idéia de sua personalidade e da história de sua vida.

 

 

 

MEMORIAS DE  SANTO.:

Às vezes eu era incumbido de cuidar do Ervino, pois ele era pequeno e muito chorão. Numa dessas vezes, como não parasse de chorar, eu tapei-lhe a boca com a mão. Não fosse minha mãe desconfiar do silencio e o Ervino já era. Acho que é por isso que ele é preto, pois já estava sem fôlego e bem pretinho,

 

Fiz muitas viagens em companhia do Ervino, ele também dirigia seu Feneme e foi numa destas viagens que o caminhão dele quebrou o diferencial nas proximidades de Curitibanos. Como saímos juntos, nossos planos eram voltarmos juntos e por isso eu estacionei meu caminhão e esperei. Mas como estávamos naquela de não fazermos nada, amanhã não vamos dirigir, começamos a tomar umas e outras e à noite, após a janta com vinho, embriagados, fomos dormir num (quarto de) hotel com duas camas de solteiro. Começamos, cada um deitado em sua cama, com a conversa sobre trabalho, mas lá pelas tantas, até hoje nem eu e nem ele sabemos o porque, nos botamos no tapa. Acho que quem estava brigando por nós era a pinga e o vinho

 

Durante quatro anos fiz o percurso de Joaçaba à capital do estado, levando madeira à Itajaí e indo buscar café em grão em Florianópolis para Joaçaba. Nesse trajeto naquele tempo só havia estrada asfaltada de Gaspar a Blumenau, o restante do caminho era de estrada de chão com muitas curvas e muitas serras. Passava pelas Serras do Quatorze, Serra Alta, Serra da Miséria e Serra da Subida. Eu demorava um dia para carregar o caminhão e a viagem de ida e volta era de quatro dias, mas viajando muito à noite.

 

Como motorista de caminhão, trabalhei quatro anos, viajando por boa parte deste imenso Brasil. Pelo Litoral conheci Florianópolis, Itajaí, Camboriú, Joinville, São Francisco do sul. Pelo Norte e centro do Brasil, fui até o rio de Janeiro, Petrópolis e Ouro Preto, em Minas Gerais, além de Belo Horizonte. Pelo sul fui até Santa Cruz do sul, muito além de Porto alegre.

MEMORIAS DE ZANDIR.

 

 

 

Uma destas histórias é de como eles tinham que andar para chegar a escola e de como era dura a vida na época. Eles tinham só um par de sapatos e que era sempre bem cuidado, pois poderia passar para o irmão mais novo caso ainda tivesse em bom estado. Para ir ao baile eles levavam os sapatos na mão e iam descalço, quando chegavam no local do baile lavavam os pés e aí sim colocavam os sapatos. Eles passavam a noite dançando, uma diversão que todos os irmãos gostavam.

 

Uma história super legal que ele contou para nós, foi sobre a mudança da Tia Corina de Joaçaba para Curitiba. No caminhão do Tio Vitorino, mas dirigido pelo irmão da Tia Corina o Munheiro, foi arrumado a mudança da Tia e por cima foram todas as conservas. Durante a viagem cada vez que paravam para verificar os pneus eles davam um jeito de abrir uma das conservas, e diziam que o vidro estava com a tampa estufada e aí a Tia pedia para descer, que tinha que comer se não ia estragar. No final da viagem eles quase acabaram com as conservas da Tia. O meu Pai e a minha Mãe vinham em outro caminhão com o Tio Ervino. Eles faziam isto só para comer as deliciosas conservas da Tia.

 

 

 

MEMORIAS DE ZILIO.

Nós morávamos na rua ou estrada para Lacerdópolis, s/ nº, mais tarde passou a chamar-se Avenida Santa Terezinha e o número foi 640. Iniciava na Igreja Matriz Santa Terezinha, passava pelo Hospital São Miguel e continuava até o Clube XV de Novembro; conheci pouco este clube, mas o Ervino, Zandir, Santo e Vitorino, arrastavam muito, os pés nos bailes de sábado à noite. Sei que o Vitorino trazia lenha das queimadas da roça para o picador de lenha ao lado da nossa casa, e, nos sábados, a carga saía da roça mais reforçada, mas chegava em casa como de costume. Acontece que boa parte da lenha trazida na carroça ficava no clube, assim estava garantida a entrada para o baile e algumas cervejas. Eu atesto como justo, mais do que justo; a lenha lá na roça não valia nada, até atrapalhava na plantação de milho e não fazia falta no picador.

 

A rua era de barro, sempre enlameava, ô tristeza para se ir à missa! Ou ao cinema! Sempre o sapato grosso de barro (sapato ou alpargatas)!

Foram feitos muitos projetos para ser construída uma rua entre a Avenida Santa Terezinha e o Rio do Peixe, mas o “Valdeco”, sempre era contra, e até hoje as terras dos fundos ainda estão sem rua. Estes terrenos dos fundos foram doados para nós cinco (Vitorino, Santo, Zandir, Ervino e eu (Zilio)). O Santo e o Zandir venderam logo para o Avelino que construiu uma casa para Dona Rosa morar pagando aluguel, eu vendi metade para o Ervino que é dono até hoje e a metade para o Vitorino que construiu uma casa. A dona Rosa Roglio, casada com seu Vicente, pai do Sérgio, Clarice, Izolde, Leonir e Cesário, e minha madrinha de batismo, já morava neste terreno quando o pai comprou estas terras. Era uma casa pequena, velha, mas firme, com pilares e vigas de madeira maciça. Entre a nossa casa e a da madrinha havia um poço que servia as duas famílias, com água pura e fresca, com cerca de quatorze metros de profundidade, a maioria na rocha.

O Acesso para os terrenos dos fundos com o rio era uma calçada de pedra natural sem cortes; quem fez esta obra “obra de arte” que está lá ainda para quem quiser ver, foi o Zandir; vou deixar que ele conte como e onde arrancou estas pedras.

Como o terreno era grande, havia plantação de mandioca, chuchu, algumas laranjeiras. Era horrível capinar a terra, tinha muita pedra e eu pouca vontade; alguém que gostava de mim dizia: “sem vocação para o ofício”.

Criamos alguns porcos (um só de cada vez), quando estava pronto para o abate era feitos salame, banha e muita festa. Uma vez a mãe fez um negócio com um homem da cidade: ele deixou uma vaca, nós daríamos o trato, a mãe tiraria o leite que era dividido entre as duas famílias. Um dia a vaca morreu, fui eu que fiz o buraco para enterrar a vaca.

 

O batismo das águas foi aos seis ou sete anos com o Ervino e o Zandir, mas os amigos deles, me soltaram há uns três metros do barranco; assim, agora bate os pés e as mãos; pensei que ia morrer, levou muito tempo para o Ervino me socorrer, mas eu nadei, nadei pela primeira vez.

 

Sempre havia canoas disponíveis neste rio (que chamávamos de botes ou caícos); amigos aficionados pela pesca deixavam esses barcos em pequeno ancoradouro, pois os nossos terrenos, como o do Ernesto, faziam divisa com o rio. Nunca fiquei ajoelhado lá na frente de todos, nem fui chamado no terrível gabinete da diretora, nem conheci a tenebrosa sala escura com esqueletos e vassouras de bruxas, com teias de aranhas e barulho de vozes do inferno; como diziam ser o castigo para os alunos que brincavam na aula, ou riam, ou puxavam as tranças das meninas da fila da frente. Havia comentários, que o Ervino sabia e conheceu estes lugares, eu nunca ousei perguntar. Eu perguntava para o Ervino no final do ano, se eu tinha sido aprovado ao que ele respondia com a maior naturalidade do mundo: “é Zilio, não deu de novo”. O Zandir e o Ervino chegaram a construir uma mini canoa, semelhante aos caiaques de fibra que existem hoje.

 

O meu comportamento tinha médias de 8,0 a nove, bom ou quase excelente. Em compensação a aplicação que media a participação nas aulas tinha uma média de 5,0. Até a terceira vez de reprovação eu não sabia ler, ou não sabia o significado da palavra “REPROVADO”; tanto que precisava de ajuda do Ervino para saber o que faria no próximo ano.

 

Neste ano então foram vendidas as terras agrícolas do Itororó.    Todos os irmãos mais novos, inclusive a mãe, menos as filhas, pois, as mulheres não recebiam heranças; recebemos algum dinheiro. O Vitorino, que formou sempre uma boa parceria com o Ervino, mais o dinheiro da mãe, compraram um caminhão. Era um Mercedes Bens (0331, cabine dupla, cara chata, amarelo ocre), era lindo, confortável, era o primeiro da fila nas fotografias, mais do que isto; pagou suas vinte e quatro prestações sem atraso, graças aos braços, à determinação, à coragem de vencer os perigos que não foram poucos, o sonho de suplantar as adversidades, a vontade de vencer na vida destes dois irmãos que sempre tive como exemplos. Mais do que tudo isto, este caminhão representou a oportunidade única, financiando meus estudos quando fui procurar em Curitiba (PR), um segundo grau, que não existia em Joaçaba, até então.

 

Passados os três anos do colegial fiz o 1º vestibular e BOMBA!

Aí os derrotistas voltaram à carga: o teu negócio é ser motorista de caminhão, ou estudar contabilidade em Joaçaba mesmo. A Mãe não admitia nem falar nisso! O Santo disse: “pra burro chega nós, você vai estudar”.Eu argumentei que muitos estudavam em cursinhos pré-vestibular em São Paulo e faziam os exames no Paraná. Então você também vai fazer o cursinho em São Paulo e faz os exames em Curitiba. O Vitorino e o Ervino deram o aval de que o caminhão embora velho, ainda pagaria os custos. O Zandir e a Natalina abriram-me as portas da casa e do coração e eu estudei no curso OBJETIVO de março a dezembro de 1968 e no dia 17 de janeiro de 1969 eu aguardei com ansiedade o meu nome ser chamado

 

Também foi nos anos 60, que viajei muito de “carona” com o Vitorino, Santo e Ervino.

 

O Ervino era brabo; brigava por qualquer coisa.

 

Uma das vezes que o Ervino bateu, disse que faltou freio, a carga arrancou toda a cabine.

 

Eu não sei como estes caras sobreviveram a tanto. Eles faziam uma viagem junto com um irmão que sabia dirigir e na outra semana, estavam na estrada sozinhos com seu próprio caminhão.Fermino, Avelino, Santo, Uriano. Vitorino com um caminhão da prefeitura. Ervino, Zilio...

(abortadas as lições quando a mãe me viu passando em frente da casa, dirigindo, em pé, um alfa -Romeu, sozinho, porque o Ervino ficara no bar com os outros irmãos e amigos dizendo: “leve o caminhão até lá em casa)”.

 

Esta não me contaram, eu vi, eu estava lá!

         O Vitorino acabara a construção da casa lá na barranca do Rio do Peixe. Era costume; puxava-se o pescoço de um galo velho, pão, queijo e muito vinho, para comemorar o feito. Nesta tinha até gaiteiro; o Vanildo (perna de pau).

         Com aquela zoeira toda, chamaram a atenção de dois bêbados, velhos conhecidos, os “Tiburcios” que desceram da Avenida Santa Terezinha, até a casa nova, onde havia a festa. Foram servidos para eles, pão, queijo, um pedaço de galo e naturalmente um copo de vinho. Mas eles não ficaram satisfeitos. Queriam entrar na casa onde rolava um baita baile. Foram levados até a Av. Santa Terezinha e dispensados. Mas, quem disse que eles foram embora? Teimavam em voltar e entrar na festa. Apanharam tanto do Vitorino e do Ervino que ficaram caídos na beira da estrada cobertos pelo manto protetor do álcool.

 

Ervino - Falar do Ervino é muito difícil, existe muito envolvimento. Ele não viveu p’ ra ele. Este é o motorista que divide o 1º lugar com o Avelino, na família – “o braço”.

 

A Mãe sempre teve uma persistência comigo; ou seria uma teimosia. Zílio, você quer ser médico, então você vai ser médico. Não deixe que os outros te escolham como amigo, escolha você os teus amigos! Não queria nem me ver dirigindo um caminhão. O Ervino, aquele “braço” do volante, deixou que eu dirigisse o possante FNM, do boteco até a casa da Avenida Santa Terezinha, e claro, passava pela frente da Dona Adele. Eu não sofri tantas repreensões, mas o Ervino... Coitado!

Mais uma vez o Ervino com a Nilza. 6º ano de faculdade. Eu estava pronto para começar a trabalhar em Irani, 15 de outubro de 1974. A Ana precisava ficar mais um mês em Curitiba. Não foi surpresa que o Ervino e a Nilza acolheram a minha família para dentro da casa deles.

Não dá para esquecer! Dá!

Histórias   do  Ervino 

Créditos - Memorial Volpato(Zilio e Ana Zaira 

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